Padre Agustín fala sobre fé
Sob o ponto de vista técnico, define-se a fé como a resposta à revelação de Deus. Deus se revela por sua Palavra e homem responde mediante a fé. Três dimensões da revelação: A Palavra de Deus se revela em e pela criação, em e pela história de Israel que toma forma teológica como história de salvação, que atinge seu ponto cume na revelação total e definitiva em e com Jesus, Cristo e Senhor.
Sob o ponto de vista técnico, define-se a fé como a resposta à revelação de Deus. Deus se revela por sua Palavra e homem responde mediante a fé. Três dimensões da revelação: A Palavra de Deus se revela em e pela criação, em e pela história de Israel que toma forma teológica como história de salvação, que atinge seu ponto cume na revelação total e definitiva em e com Jesus, Cristo e Senhor.
A resposta de fé ao apelo de Deus atinge, pois, três níveis:
a) A Criação. Olhar para o universo significa perceber a grandeza do amor de Deus que, sem se identificar com o criado, porém, está presente em todas as coisas até os confins do Universo;
b) E dentro dele estamos nós, a inteira humanidade. Deus se imiscui na história humana quando diz no livro do Êxodo: “Eu ouvi o clamor de meu povo que geme sob o chicote dos capatazes no Egito e desci para libertá—lo”. É Deus quem se revela, quem tem a iniciativa. Assim, a revelação inicial da história de Deus no meio de seu povo, com quem estabelece uma Aliança de amor e fidelidade, se torna uma história de libertação da opressão histórica (primeiro do Egito, depois, ad intra, a opressão denunciada pelos profetas). Não há revelação de Deus fora da história da humanidade que alcança seu cume na história de (…)
c) Jesus de Nazaré, o Messias-Emmanuel, revelador do Pai em tempos da opressão romana, fundamentalmente em sua cruz y Ressurreição, o acontecimento salvífico radical que é a libertação de todos os inimigos que oprimem e escravizam os seres humanos (primeiro os judeus, depois os gentios), como diz Paulo, sendo o último inimigo a ser vencido, a morte. Sendo que Jesus Cristo é, segundo João, a Palavra criadora de Deus que se fez carne e mora entre nós, ou segundo as cartas paulinas é o Princípio fundamental do Universo e o Cabeça do Corpo que é a Igreja. É evidente que, a partir de uma esperança escatológica judaica, impõe-se, agora levemente, um linguajar conceitual helenizado que aparecerá francamente, ao longo do século II, nos chamados evangelhos extra-canônicos.
Assim, pois, podemos formular três perguntas obrigatórias: exprimimos hoje nossa fé, como uma resposta de amor ao Universo, fruto do amor de nosso Deus criador, a começar pelo nosso planeta? Escutamos o clamor dos oprimidos, onde Deus escuta sua própria vontade de ser seu Deus libertador? Escutamos o Jesus Cristo crucificado nas dores e sofrimentos de nossa humanidade, hoje? Porque o que nós temos a dizer a Deus, Ele sabe. E o que Ele tem a nos dizer, nós sabemos, pois Ele se diz na criação, na história humana e em Jesus, nosso Senhor.
Os sacramentos são os sinais da presença amorosa, salvadora do Senhor em sua Igreja e para o mundo, ao longo da história. Assim: pelo batismo, acolhemos o dom da fé, isto é, com Jesus morremos y ressuscitamos (segundo São Paulo): morremos para o pecado (tudo aquilo que oprime, destrói e mata) y ressuscitamos (para tudo aquilo que é vida, liberdade, comunhão e partilha); Pela Eucaristia celebramos e revivemos o memorial de nossa fé que é comunhão com Jesus, que partilha conosco seu amor e sua vida dada, com nossas vidas de amor e, igualmente, dadas, como graça de Deus para todos, com todos e por todos; Os outros sacramentos, celebrados e vividos na e pela Igreja tem, do mesmo modo, sua fonte na cruz do Senhor.
Padre Agustin
Padre Agustin
Dito isto, pensemos em como vivemos nossa fé. “O justo vive da fé”, diz a Sagrada Escritura. O “Creio em Deus Pai” que recitamos, pelo menos dominicalmente, compromete nossas vidas, como resposta ao Deus criador, a Jesus que por nós morreu e ressuscitou, ao mesmo Espírito para a edificação da Igreja que tem como missão a transformação da história da humanidade, numa grande, rotunda e bela história de amor e de vida? Nossas orações buscam graças, milagres, aleluias e oba-oba ou pelo contrário são um diálogo humilde e confiado de amor com o Pai, com e por meio de Jesus, daquele que procura que venha até nós seu Reino e que se faça sua vontade? Rezar o Pai nosso, compromete-nos com alguém? Deus é verdadeiramente nosso Pai, de todos, onde não sobra ninguém? O Reinado de amor, de justiça, de paz… De bem-aventurança, é de primeira importância em nossa vida? A partilha do pão tem algo a ver conosco? E o perdão, é como o ar que respiramos? Etc. etc. Nossa prática religiosa é, talvez, uma procura de restabelecer a desordem psicológica promovida pelos sistemas atuáis como uma pratica narcotizante? d) Ou, pior ainda, nossas atitudes religiosas são francamente hipócritas quando procuramos a boa fama ou o aplauso social? e) Ou, pior ainda, manipulamos Jesus e o Evangelho em função de nossos interesses ou ambições pessoais ou grupais? Ou…?
Quando ainda era noviço, li um livrinho titulado “Crer é se comprometer”. Foi então que, conscientemente, apreendi que, a fé é um compromisso vital, com Deus, nosso Pai, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, na Igreja e para a o mundo amado por Deus. Assim, pois, hoje, quase cinqüenta anos depois, reflito naquela mesma base sobre o que é fé e o que não é fé. A fé, em minha modesta opinião, não é uma questão de palavras ou adesões doutrinais incondicionais apenas, nem de discursos por mais teológicos que forem, nem de rituais, por mais exatos que sejam produzidos, nem de boatos por mais esplêndidos que apareçam, nem mesmo de ortodoxias mais ou menos acertadas, nem, muito menos, de procura de milagres ou graças, etc. Tudo isso pode ser (tantas vezes é!) bem hipócrita. À revelação do Deus da Vida, a resposta da fé somente é adequada com a vida. Com a verdade da vida, seja qual for a verdade de cada um e de todos juntos. O resto é isso: resto e um acréscimo da verdade da vida. Ou não é nada.
Fé é um compromisso com o Deus de Jesus ou, o que é o mesmo, com o Jesus de Deus. Um compromisso de amor e de fidelidade, isto é uma aliança de vida que já começou desde o dia de nosso batismo. A fé é um compromisso de amor apaixonado pelo Jesus de Deus e o Evangelho, capaz de deixar pais, mães, casas, campos, e até a própria vida, por amor do Senhor e do Evangelho. Caso contrário não se pode ser seu discípulo; capaz de carregar a cruz dos seres humanos, no seguimento do Senhor. A fé age sempre pela caridade, a fé é sempre aquela do bom samaritano: caso contrário é só um barulho vazio de conteúdo (por mais ortodoxo ou teológico que for) que, em minha modesta opinião, há demais em rádios e TVs, em igrejas e ruas, que, procurando seus próprios interesses, mais ou menos, escusos, se aproveitam da simplicidade e da boa vontade de tantos. A missão não está tanto nas palavras, mas na vida, no martírio, no testemunho. Caso contrário, as palavras são vazias, falsas.
E para finalizar, gostaria de lembrar uma pergunta fortíssima que nos traz o Evangelho: “Será que quando o Filho do Homem voltar vai encontrar fé sobre a terra?”.
Pe. Agustin sj
4º Domingo da Páscoa: Jo 10, 11-18
“Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a sua vida por suas ovelhas” – diz o Senhor, quando o evangelista nos coloca perante uma das grandes reflexões sobre a presença pascal de Jesus no meio de sua comunidade de fé e no meio da humanidade.
3º Domingo da Páscoa: Lc 24, 35-48
De modo semelhante ao domingo passado, na narrativa segundo São João, hoje é o evangelista São Lucas que nos traz para todos, como o Senhor ressuscitado está presente no meio de sua igreja, isto é, de sua comunidade de fé.
2º Domingo da Páscoa, Jo 20, 19-31
Domingo passado contemplamos o túmulo de Jesus vazio, e a primeira proclamação de Maria Madalena que afirmava rotundamente que Jesus estava vivo, havia ressuscitado. Todos os evangelhos são testemunhas do fato. E também, ao longo da história da humanidade nos revelam como Jesus permanece vivo e presente em suas comunidades de fé.
5º Domingo da quaresma: Jo 12, 20-33
Este trecho do Evangelho de João situa-nos perante o anúncio da proximidade da morte de Jesus, que se identifica com a chegada da “hora” da glória de Deus. Jesus está em Jerusalém. Alguns “gregos” querem conhecê-lo. Pedem a um dos apóstolos, Felipe: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. Felipe e André conduzem-nos até Jesus que explica para eles que: |
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4º Domingo da Quaresma: Jo 3, 14-21
Neste domingo, já na proximidade da celebração da Semana santa e da Páscoa, o evangelho de São João nos situa, perante a cruz de Jesus como salvação do mundo, que é, sempre, a perspectiva do Evangelho. Para isso, João nos traz um diálogo de Jesus com Nicodemos, fariseu rico, pertencente a uma das grandes famílias de Jerusalém e que, por duas vezes entra em diálogo com Jesus. Nesta primeira conversa, o evangelista João coloca o fato histórico da cruz de Cristo, em concordância com as Sagradas Escrituras, (Jesus está conversando com um fariseu, isto é, com alguém que conhece bem a lei e os profetas) em consonância com os acontecimentos no Êxodo de Moisés. Por isso, podemos destacar: |
3º Domingo da quaresma: Jo 2, 13-25: Jesus e o Templo
Marcos, Mateus e Lucas colocam o episódio que se conhece como a expulsão dos vendilhões do Templo no final de seus evangelhos, pouco antes da narrativa sobre a paixão-morte-ressurreição de Jesus. O evangelista João, situa a mesma passagem, bem no início de seu evangelho, já num contexto francamente da Páscoa judaica. De todos modos, o evangelho inteiro de João é compreendido à luz da Páscoa, pois desde o começo, o próprio João Batista proclama a Jesus como “o cordeiro de Deus”, como referência ao sacrifício pascal de Cristo. Nesta passagem encontramos a seguinte situação: |
2º Domingo de Quaresma, Mc 9, 2-10: A Transfiguração
No Evangelho segundo Marcos, encontramos dois momentos da manifestação da voz de Deus, proclamando que “Jesus é meu Filho amado. Escutai-o”. A primeira aconteceu no momento do seu batismo por João Batista. |
1º Domingo da Quaresma: Mc 1,12-15
1) No batismo de Jesus por João, manifesta-se o Espírito Santo que, depois o conduzirá para o deserto. A vida inteira de Jesus é conduzida pelo mesmo Espírito de Deus. No deserto Jesus: |