Jesus, que começara seus sinais-milagres, expulsando o mal, representado pelos possuídos por maus espíritos, nesta continuação do Evangelho de Marcos, concretiza, com a cura de um leproso, sua atuação com relação a um mal específico que envolve várias dimensões de compreensão.
1) Um leproso se aproxima de Jesus e, ajoelhado, implora: “Senhor, se queres tens o poder de purificar-me”. Percebemos neste momento:
a) A dimensão de fé do leproso.O leproso, ajoelhado, mostra de algum modo, que crê no poder de Deus que se manifesta em Jesus
b) O leproso que se aproxima do Senhor, confiante e esperançoso, sabe que será acolhido pelo Senhor.
2) Atitude de Jesus diante do leproso: “Cheio de compaixão, estendeu a mão tocou nele e disse ‘Eu quero, fica purificado”. Dimensões para nossa compreensão:
a) Em Jesus se revela a compaixão de Deus. Deus se compadece sempre dos sofrimentos (impurezas) humanos.
b) Jesus toca no leproso-impuro, contra a própria Lei de Deus que proibia tocar em leprosos, pois quem assim agisse ficaria também impuro.
c) De acordo com a Lei a situação de impureza era tal, que ao leproso lhe era proibido toda convivência social e aparência humana digna.
d) As leis de pureza ou impureza ditavam a conduta social correta ou não. A compaixão de Deus prevalece sobre quaisquer diferenças rituais de pureza ou impureza.
3) “Naquele mesmo instante, a lepra desapareceu e ele ficou purificado”. Por isso:
a) Aquele homem, marginalizado e excluído do convívio social, volta a ser gente.
b) Sempre é Jesus quem nos purifica, nos eleva e nos faz verdadeiros homens e mulheres dignos da comunidade, da sociedade, da humanidade e até do próprio Deus.
4) Jesus envia o leproso purificado para os sacerdotes, responsáveis sociais, reconhecerem que merece voltar para o convívio social. De acordo com a Lei.
5) Apesar da proibição de Jesus, de fazer propaganda do evento, o leproso, agora purificado, começou a anunciar a Boa-Notícia de Jesus livremente.
Conclusão:
1) É o Senhor quem nos cura-purifica a todos. Se isto é assim de fato, então ninguém tem direito a declarar impuro a ninguém. Chega de preconceitos e “normas de homens” que sufocam, deturpam ou esquecem, simplesmente o que há de mais sagrado aos olhos de Deus: a acolhida, a compaixão e a vivência profunda agradecida no mais íntimo de nosso coração.
2) O imenso, funesto e, tantas vezes, mortal problema de nossa humanidade é, simplesmente, que nos consideramos leprosos-impuros, os uns contra os outros.
3) Acolher a Palavra do Senhor hoje, Palavra da salvação de todos, é acolher a compaixão que nos fará superar a todos as impurezas-lepras alheias e próprias.
Pe. Agustin sj