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Paróquia Santuário de Nossa Senhora da Esperança e Santo Inácio de Loyola
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Sobre armênios, política e massacres

Nestes dias passados e a propósito do centenário do assassinato em massa de mais de milhão e meio de armênios (segundo outros, um milhão), nos tempos da primeira guerra mundial, a mãos do Império turco-otomano, a causa armênia tomou uma certa atualidade.

Sobre armênios, política e massacres

O Papa Francisco qualificou de genocídio o acontecimento. Falando “com franqueza”, disse o Bispo de Roma. Isto desatou as iras verbais do presidente turco, em cujo país é crime falar em genocídio armênio, qualificando as palavras do Papa de “estupidez”, e de ignorante da história. Deu-me a impressão de que, a reação do mandatário turco foi a de aquele que, quando não tem argumentos, recorre ao insulto. Porém, não houve reação do Vaticano. Dias depois, no parlamento europeu, não foram poucos os congressistas que voltaram a qualificar os massacres turco-otomanos de genocídio. A reação do premier turco foi a de dizer que o que os europeus digam “entra por um ouvido e sai pelo outro”. Resposta de nível infantil, pareceu-me. Houve chamada de embaixadores e tal, mas, como em política e interesses, tudo vai e vem, no fim das contas e após o rifi-rafe, no momento em que escrevo estas linhas, o governo da Turquia convidou o Papa para visitar o pavilhão turco na Expo2015 de Milão. Por outros lados, por se fosse pouco, a Igreja Apostólica Armênia, uma das Igrejas mais antigas do mundo, canonizou solenemente o milhão e meio de armênios como mártires e vitimas de genocídio. Os sinos de todas as igrejas armênias do mundo dobraram por este motivo. Também, entre outras, a Notre Dame de Paris, a Catedral de la Almudena de Madri e a catedral de Colonia.  E, por se fosse pouco ainda, o presidente da Alemanha insistiu com a idéia de genocídio, assim como outros mandatários europeus. Não todos. Que alguns deles preferem ficar naquilo que o “politicamente correto” que, tantas vezes, revela-se como hipocrisia pura. Mas, continuemos.

 

Porque, qual é a diferença entre reconhecer que houve um “massacre” ou um “genocídio”, se no final, para os mortos, tanto faz uma coisa quanto outra? A diferença está em se houve intenção de extermínio ou não. Exterminar os cristãos armênios ou não.

 

Esta questão que, parece ser uma velha questão de mais de um século e que nos retrotrai às velhas cruzadas e guerras santas de há quase mil anos, está bem atual.

 

Pois ressurgiu no mundo islâmico com toda força assassina, a yihad ou guerra santa. Conceito que pode ser explicado de diversas maneiras, sim: por exemplo pode se tratar  da conversão pacifica do infiel. Na atualidade, porém, toma sua forma mais violenta em várias partes do mundo, que já começou a explodir desde Nova York, passando por Londres, Madri e ultimamente por Paris ou Dinamarca, entre outros muitos lugares menos famosos. Pois, por exemplo, em Nigéria, uma das seitas (Boko Haram) queima cristãos em suas vilas e em suas igrejas. Mas, quem se preocupa com isto? E, sucessos de cristãos molestados, perseguidos, assassinados, crucificados, degolados... são contados quase que diariamente. Na India ou no Paquistão, na Síria ou no Iraque, na Libia ou no Egito. No Kenia foram assassinados friamente um monte de universitários, pelo simples fato de serem maioria cristã. A ideologia do Califato ou do Estado Islâmico com métodos do terror yihadista (ao grito de “Alah é grande” ou “morte ao infiel”) se espalha pelo mundo afora e são já alguns milhares de europeus e americanos que aderem a esta causa destrutiva e mortal.

 

Por regra geral, os dirigentes políticos dos países ocidentais, olham para outro lado, enquanto seus países não são atingidos.  Após os atentados de Paris, a Europa anda mais experta em suas investigações. Dias atrás foi detida uma célula terrorista em Barcelona, na Espanha, que preparava atentar contra edifícios públicos. E, nestes dias chegou a noticia de que em Itália, foi detido outro grupo que planejava atentar contra o Vaticano. O primeiro ministro francês comunicou que desbaratou já cinco grupos que estavam se preparando para cometer atentados... E assim vai, numa espécie de jogo de empurra-empurra da inteligência dos países e as células terroristas que pretendem, simplesmente, assassinar e destruir.

 

Não há mais países cristãos. Aqueles que o foram, hoje são declaradamente e ciosamente, laicos. Teoricamente, pelo menos, são multiculturais e tolerantes com  a diversidade religiosa. A antiga Europa, culturalmente pós-cristã, foi (e continua a ser) invadida, entre outros, por uma maioria de muçulmanos. Milhares de mesquitas se levantam por todos os lados, enquanto que as velhas igrejas cristãs se esvaziam e são vendidas para os usos mais dispares (e, tantas vezes, disparatados). Mesquitas que, não em poucas ocasiões, se tornam lugares de exaltação islâmica e de doutrinação yihadista. O ateísmo cresce na Europa, como resposta radical a um cristianismo mais de formas externas cujo sentido se perdeu no tempo, do que um cristianismo vivido como compromisso com Jesus Cristo e o Evangelho do amor e da liberdade.

 

Por outro lado, o êxodo de sírios, afgãos, etíopes, sub-saharianos  e outros africanos que fogem das guerras, do terrorismo, das doenças, da miséria e da fome, tanto do Oriente próximo quanto da África está enchendo de máfias e de mortos o mar mediterrâneo. Aquele que fora o mar da cultura tornou-se um imenso cemitério. O Papa Francisco, desde o começo de seu pontificado grita para que cesse  de algum modo esta mortandade. E até entre os imigrantes há classes: dias atrás um grupo de muçulmanos jogou ao mar dos mortos uma dúzia de cristãos. Isto é um genocídio ou um massacre?

 

Certamente, estamos perante a tentativa de um novo genocídio de cristãos, pelos simples fato de serem cristãos. Com relação aos armênios está bem claro, mesmo que o Grão Mufti (uma espécie de chefe muçulmano) da Turquia, tenha qualificado de “imoral” a afirmação “com franqueza” do Papa com relação ao primeiro genocídio da Europa no século XX.  Não sei como se qualificariam entre os próprios muçulmanos as guerras atuais do Iraque e da Síria, ou do Yemen e a Arábia, onde sunitas e chiitas desencontrados se matam entre eles.

 

E eu continuo me perguntando: qual é a diferença entre um morto e outro morto?  Porque, não nos enganemos: por trás das confissões religiosas há interesses econômicos, políticos e geoestratégicos que determinam a vida e a morte de uns e de outros. Não se trata apenas de religião. No fundo da questão se encontra sempre a mesma trama diabólica: poder e dinheiro! Todos os países, todas as guerras, todas as políticas e até as próprias religiões, são movimentadas por isto... Até que não cheguemos a Jesus e ao Evangelho, é isso aí!

 


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