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Paróquia Santuário de Nossa Senhora da Esperança e Santo Inácio de Loyola
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Ano Santo da Misericórdia

São João Paulo II instituiu o segundo domingo da Páscoa como a festa do Jesus da Divina Misericórdia. Feliz intuição deste Papa, pois, seus sucessores insistiriam no tema, cada um do seu jeito. Bento XVI, em sua primeira encíclica nos lembrou que Deus é amor (Deus caritas est). 

Ano Santo da Misericórdia

O atual papa, Francisco, com gestos, atitudes e palavras, tem nos lembrado, a nós e ao mundo, que a misericórdia é a dimensão fundamental, tanto para a vivência da fé, quanto para salvar o mundo de sua situação atual de depredação da humanidade e do planeta.

Brevemente, podemos apontar que, o Antigo Testamento sabe que Deus é “esset u emet”; em bom português: misericórdia e fidelidade ou, misericórdia fiel. Sabe também que, não há conhecimento (experiência) de Deus, onde não se pratica a justiça para com o “órfão e a viúva” (maneira bíblica de dizer, simplesmente “pobres”). Assim, pois, a experiência da presença de Deus, define-se em função dos pobres e a pratica da justiça, pois é aqui que se manifesta em toda sua realidade a fidelidade do amor compassivo de Deus.

Para Jesus, nosso Senhor, tudo isto fica claríssimo. Não são poucas as vezes que Jesus age e fala como expressão da misericórdia de Deus que não conhece limites: curas e exorcismos como sinais da presença de Deus. “Bem-aventurados os pobres porque deles é o reino dos céus”, que Mateus une ao “Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”, proclama Jesus em alto e bom tom. Para uns e outros, cumpridores de leis, Jesus lembra: “vão e apreendam o que quer dizer esta palavra: misericórdia quero e não os sacrifícios”. Também o “Sede perfeitos como o Pai do céu é perfeito” de Mateus, em Lucas toma a forma concreta da perfeição de Deus: “Sede misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso”. Que, no fim das contas, tem na raiz o vereotestamentário, “Sede santos, porque eu, vosso Deus, sou santo”. Deus-pobres-misericordia-santidade são uma coisa só.

Voltando ao Papa Francisco. Lembro que pouco depois de sua eleição como Bispo de Roma, suspirou dizendo: “Como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres!”. Tendo este ponto de partida, seus gestos são claríssimos sinais de misericórdia: visita aos presos (na quinta feira santa lava seus pés) (“estava preso e me visitasteis”), acolhida aos pobres romanos (instala banheiros para eles no Vaticano; aqui e acolá, comparte mesa com eles), preocupação com os migrantes estrangeiros que são também acolhidos (“era estrangeiro e me acolhestes”), denuncia de guerras e do capitalismo selvagem e inumano que condena a morte a milhões de pessoas pelo mundo afora... Impossível resumir a agenda deste papa que lança ao mundo o desafio de praticar a misericórdia donde ele (e nós também) sabe que se encontra a verdadeira presença de Deus, mais do que em encíclicas ou documentos.  

Assim, pois, estamos perante um ano santo de misericórdia. Como Jesus proclamou o ano da Graça do Senhor, ano do perdão da reconciliação universais, da conversão do coração para as misérias humanas, pois é isso o significado etimológico da palavra misericórdia, a mais bela palavra com a que os seres humanos tentamos nos dizer a nós mesmos quem e como é nosso Deus.

Em minha modesta opinião, não se trata apenas de um ano santo para a misericórdia, senão um chamado de atenção para revivermos a beleza e a grandeza humana e divina que nos traz o Evangelho do Senhor e, no seu seguimento, vivermos sempre nesta dimensão, como o Senhor, a presença feliz e salvadora de nosso Deus.

A Páscoa que estamos celebrando é o tempo propício, pois a Ressurreição do Senhor nos comunica, como ensina São Paulo que “onde abundou o pecado” (injustiça e cruz, morte e destruição) “sobre-abundou a graça” (Ressurreição e Vida, alegria e esperança).


Autor:
Fonte: Pe. Agustin sj
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